A OBSESSÃO PELO MELHOR
Extraído e feito
algumas pequenas mudanças (sem permissão da autora Leila Ferreira, jornalista).
Texto publicado no boletim semanal da 1ª Igreja Batista de Fortaleza do dia
01/07/2012.
Estamos
obcecados com o “melhor”.
Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje
só queremos saber do “melhor”.
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro,
o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor
tênis, o melhor vinho, ... Bom não basta. O ideal é ter o “top de linha”,
aquele que deixam os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir
importantes, porque, afinal, estamos com “o melhor”. Isso até que outro “melhor”
apareça.
E isso é uma questão de tempo (dias ou horas). Novas marcas surgem a
todo instante.
Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos
parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só
queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de
insatisfação permanente, num eterno desassossego. Não desfrutamos do que temos
ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada
comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada
artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão
vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí
a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos,
às vezes é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140 km por horas, preciso
realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho,
tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de
estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas
polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante que sinto
saudades da comida de casa e vou porque tem o “melhor chef”? Aquele shampoo que
usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um “melhor” que
custa dez vezes mais? Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor
tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o “BOM” que já temos. A
casa é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche
de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito. Os “homens” e as
“mulheres” que tem defeitos como nós, mas nos fazem mais felizes do que os
“homens perfeitos” e as “mulheres perfeitas”. As férias que não vão ser na
Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de
quem amo... O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sene prazer. Será
que a gente precisa mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca
do “melhor” a gente nem percebeu?
“Sofremos
demais pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos.”
William Shakespeare
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