segunda-feira, 12 de agosto de 2013

SERIA POSSÍVEL VIVER NUM MUNDO SEM DINHEIRO?

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Jornalista norte-americano defende que o fim da moeda física traria benefícios para a economia

por Fernanda Dias

Os cheques estão ficando cada vez mais raros, mas viver sem dinheiro ainda é uma ideia difícil de imaginar. Seria como voltar ao tempo do escambo? Mas, para o jornalista norte-americano David Wolman, autor do livro “The end of money” (O fim do dinheiro), a abolição da moeda física traria benefícios econômicos aos países que adotassem apenas cartões de crédito e débito e sistemas como o PayPal e o Square.
Ao longo da evolução da história da humanidade, as cédulas e moedas passaram a ser usadas para formalizar práticas comerciais ao substituírem outros meios de trocas, como pedras ou porções de sal. A indústria para fabricar o dinheiro, no entanto, sustenta o autor, é cara e ineficiente. Além dos custos de cunhagem ou impressão, há os de transporte, segurança, etc. Wolman calcula que um país que excluísse as moedas físicas economizaria 1% do seu PIB. No caso do Brasil, a economia seria de R$ 41 bilhões.
O professor de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Luiz Fernando de Paula, acredita, no entanto, que as transações criminosas podem ser feitas “ou até mesmo intensificadas, com a moeda eletrônica, utilizando-se paraísos fiscais, etc”.
Ele lembra que a história de acabar com a moeda física é antiga, mas nunca se realizou, mesmo em países com sistema financeiro desenvolvido, como os Estados Unidos. “Isto não quer dizer que, com o desenvolvimento dos sistemas financeiros (cartões de crédito, fundos de investimento, etc.), a demanda por papel moeda não tenha diminuído. De fato, ela diminuiu. Mas não acredito que, num horizonte de tempo razoável, o papel moeda vá acabar”.
Um dos argumentos mais comuns contra o fim da moeda é que ficaríamos ainda mais dependentes dos bancos. “Já somos crucialmente dependentes dos bancos – os chamados depósitos à vista são de longe a principal forma de moeda em economias modernas. Os bancos operam boa parte do sistema de crédito e o sistema de pagamentos da economia. Ou seja, criam o combustível fundamental para o desenvolvimento das atividades econômicas e produtivas. Daí a importância de que eles sejam bem regulados, para evitar abusos com os clientes e, sobretudo, práticas arriscadas e opacas que possam no limite levar a crises bancárias. Concluindo, acho que tem muito de jogada de marketing nesta questão do fim do dinheiro”.
Apesar disso, o professor de finanças do Ibmec-RJ Gilberto Braga acredita que a tendência é mesmo que, nos próximos anos, passemos a usar ainda mais formas escriturais de moeda, como cartões de crédito e débito e transações por impulsos eletrônicos através de aparelhos de telefone celular, tablets etc:
“Trata-se mais de uma comodidade do que uma questão de cortar custos. Por causa da violência, utiliza-se cada vez menos o dinheiro físico. As transações eletrônicas estão ficando mais protegidas e podem ser cobertas por seguros contra fraudes, clones e desvios”.
Se o mundo vai acabar ficando sem dinheiro ou não, não sabemos. O que é certo é que, como sempre aconteceu em questões financeiras, a evolução será bem estudada e gradual:

“A moeda serve para a economia como meio de troca para facilitar a vida dos cidadãos na sociedade. Logo o dinheiro não é um fim, mas um meio para facilitar as transações. Qualquer que a seja a forma de apresentação da moeda, quer física ou eletrônica, o importante é que ela cumpra a sua função”, ressalta Braga.
EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA DO SITE: 

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